quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Visible mending; Remendos visíveis

(scroll down for english)
Eu sou muito esquisita com as calças de ganga, por isso, uso as calças que gosto até à exaustão. Isso implica que, volta e meia, tenha que lhes meter uns remendos. Com o tempo e a experiência, fui aprendendo algumas dicas sobre como o fazer. Atenção que os meus remendos são visíveis, não estou a falar daqueles que quase ninguém repara que existem, os meus têm imperfeições, são grandes e coloridos, são cheios de carácter. Portanto, se estavam à espera dos «disfarçados», desculpem mas este post não é para vocês. ;-)
As fotos não são da melhor qualidade, faço este tipo de coisas à noite e à mão, por isso, não há uma boa luz e as fotos são tiradas do telemóvel. No entanto, acho que é perceptível o processo e isso é o mais importante, não é? (vá lá, digam que sim!)

É um processo simples. Primeiro meto um tecido que gosto pelo lado de dentro das calças e por cima meto uma entretela termocolante para estabilizar o tecido, depois, com o uso do ferro de passar a ferro, «colo» as três partes. A entretela prende o tecido as calças dando estabilidade e assim é mais fácil de coser e dá mais resistência ao remendo. Esta entretela pode ser comprada em várias retrosarias, na Feira dos Tecidos, etc. Eu usei uma que também se usa para as malhas (jersey e afins) porque é uma das que gosto mais. Não puxem demasiado a linha ao coser e façam vários pontos de uma só vez para não se cansarem tanto.  Por uma questão de gosto pessoal eu uso um ponto corrido para prender os tecidos, mas existem muitas, muitas opções...
Se fizerem uma pesquisa encontram muitas outras formas do fazer. Para mim, faz-me lembrar a técnica de Sashiko embora já tenha aprendido que esta técnica é bastante mais complexa do que aparenta quando fiz um workshop no Fundação Oriente. No entanto, a ideia é a mesma, reforçar, usar novamente, reciclar o que temos e gostamos.

I am very picky when it comes to jeans, so I use the the ones I love to exhaustion. This implies that, now and again, I have to mend them. With time and experience, I learned a few tips on how to do this. Please note that my mending is visible, I'm not talking about those that hardly anyone notices, mine have imperfections, are big and colorful, are full of character. So if you were waiting for the 'disguised' ones, sorry but this post is not for you. ;-)
The photos are not of the best quality, I do this sort of thing at night and by hand, so there is not a good light and the pictures are taken on the phone. However, I think the process is noticeable and that is the most important... (please say it is!)

It is a simple process. I use a fabric I like on the inside of the pants and over it a fusible interfacing to stabilize the fabrics, then, with the use of the iron to iron, I «glue» the three parties. The interfacing holds the pants giving stability and thus it is easier to sew and gives more resistance to the mending. I used interfacing used for knits because its the one I like best. Don't pull the thread too much when sewing and make several rows at once to not get tired so much. As a matter of personal taste I use a running stitch to hold the fabric, but there are many, many options ...
If you do a search there are many other ways of doing. For me, it reminds me of the Sashiko technique although I have learned that this technique is much more complex than meets the eye when I did a workshop in Fundação Oriente. However, the idea is the same, strengthen, reuse, recycle what we have and love.






































São as tattoos das minhas calças.
They are like my jeans tattoos ;-)

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Sobre medo e coragem.

Tenho escrito pouco sobre nós por aqui, sobre mim, elas e ele. Sinto falta disso, tenho mesmo que fazê-lo mais. Ajuda-me a reflectir sobre o que aconteceu porque no meio da pressa, do correr de um dia de semana, do lava os dentes e veste a roupa, calça os sapatos ou come a fruta, atender o telefone ou apanhar a roupa, passam momentos que não conseguimos verdadeiramente aproveitar. Não há mal nisso. Era loucura, pelo menos para mim, exigir isso a mim mesma. Em vez disso, faço um esforço por esmiuçar os que me deixaram um sentimento, seja ele qual for. Esses são os prioritários, o resto vou deixando a vida cuidar.
Com a Sara a entrar para a creche, embora num horário mais privilegiado, os meu dias e ritmos mudaram. Dou por mim a ter mais tempo para pensar, o que nem sempre é bom. Também isso é um caminho a percorrer, uma aprendizagem a fazer.
A minha filha mais velha... ainda me parece estranho começar uma frase assim, porque será? A minha filha mais velha quer andar de trenó, quer neve. Hoje de manhã, explicávamos-lhe que neve só na Serra da Estrela e que era longe, que não conseguíamos ir lá com facilidade e que esse desejo teria que ficar para outra hora. Logo de seguida ela começou a dizer que tinha medo, que estava com medo de andar de trenó. O R sugeriu que ela podia andar com ele e que aos poucos ela habituar-se-ia e deixaria de ter medo. Ela insistiu no medo, na sua falta de coragem.
Que ideia errada e tão comum, não é? Ter medo não é ter falta de coragem. Ter medo é a resposta inconsciente minha filha, é o teu corpo, o teu cérebro a reconhecer o desconhecido, não é falta de coragem. Falta de coragem é não ir mesmo assim porque te domina o medo, coisa que tu habitualmente não fazes. Coragem é qualquer escolha que tu faças, andar de trenó ou não, desde que não seja o medo a decidir.  Por isso, eu lembrei-te daquele dia do insuflável. O dia em que tu subiste as escadas de um insuflável gigante, no meio de miúdos muito mais velhos que tu que se empurravam e que te empurravam e, lá do alto, olhas para mim e sou eu que estou cheia de medo. E aí vens tu por aí abaixo, a escorregar.
O teu medo transformado em coragem, filha, o meu medo transformado em orgulho.


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Outubro no jardim

Sinto que temos aproveitado estes dias de sol de Outubro. 
Fazemos um esforço para chegar cedo a casa e vamos para o jardim que nos tem oferecido framboesas em quantidade. Comemos directamente da planta. Só lavamos aquelas em que se vê o rastro dos caracóis, o resto é devorado no momento pelas duas pardalitas que me rondam as pernas. Está tudo verde e os dióspiros estão a ficar maduros. 
Não há como o jardim, como a natureza para mostrar que a vida brota, teima, cresce e sempre se renova. Seja na flor que nasce, ano após ano, cada vez mais bonita e forte, seja na planta que aparece dois metros à frente de onde está a sua origem e não sabemos bem que vento a levou. Para mim, estes ciclos são calmantes. Reconforta-me ver que agora as folhas vão começar a cair, que a planta perde as flores mas não tarda elas brotam novamente, que o fruto vêm depois da flor. Ajuda-me a lidar com as outras mudanças, as que não seguem uma ordem natural ou predefinida.
Esta é a minha luz favorita, o cheiro que me mais me apetece e os momentos que não trocava.  

 

Esta é a flor da Lúcia-lima. É uma cor fabulosa e de uma delicadeza incrivelmente bonita.